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"Espera-se que 2022 seja um ano extremamente incerto, o que levará a uma maior volatilidade nos mercados."
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O ano de 2021 está a terminar com os principais bancos centrais a tomarem decisões e a sinalizarem o caminho que irão percorrer nos próximos anos. Até ao momento nenhuma surpresa, talvez a exceção tenha sido a subida de taxas pelo BoE.
O próximo ano avizinha-se de perigosamente consensual uma vez que os agentes económicos têm uma visão muito idêntica sobre o comportamento dos ativos financeiros e da atuação dos bancos centrais. Os earnings corporativos vão continuar a subir, embora a ritmos bastante mais moderados. A procura agregada permanecerá forte, sustentada pelos programas de estímulos nacionais, pressionando a inflação. As políticas monetárias vão continuar expansionistas. Contudo, será o primeiro ano de real travão à expansão dos balanços dos bancos centrais, tendo o BCE anunciado o fim do PEPP para março de 2022, tal como previsto. No entanto, o impacto não se prevê brusco, tendo em conta que o BCE também anunciou um reforço do APP e apresenta-se aberto a voltar ao PEPP caso assim se justifique. Quanto às políticas monetárias da Fed, é certo que iremos assistir a subidas das taxas de juro (três em 2022).
Continuaremos a assistir à recuperação económica, a um ritmo mais lento que o observado nos finais de 2021, mas que caminhará para a normalização da economia para os níveis pré-pandemia. Transitaremos de uma economia de bens e produtos para uma economia de serviços, onde os setores do turismo e aviação irão destacar-se pela positiva. Essa recuperação não será homogénea em todas as economias, atendendo ao peso relativo que determinados setores comportam para as mesmas. Adicionalmente, não podem ser ignorados os riscos de agravamento da situação pandémica com a chegada da nova variante Ómicron (e potenciais novas variantes até então desconhecidas), que já levou a um novo confinamento geral nos Países Baixos e número de casos diários recorde no Reino Unido. No âmbito da vacinação contra a COVID-19, os riscos que identificamos incidem sobre o atraso considerável no processo, sobretudo no hemisfério sul, assim como a possível relutância da população dos países com altas taxas de vacinação, relativamente à toma das próximas doses das vacinas, o que poderá condicionar o combate à doença.
O ano 2022 também será marcante no que se refere à economia e investimentos sustentáveis, pelo menos na Europa. A crescente regulação, as decisões da COP 26, assim como os programas de transição energética e de descarbonização serão drivers na canalização de capital e investimento para projetos e empresas sustentáveis. Em sentido contrário nesta matéria encontram-se os EUA, onde não têm sido fáceis as negociações para aprovação de planos de investimento sustentável a nível nacional, nomeadamente o pacote social de Joe Biden.
No que toca ao mercado asiático, designadamente a China, importa referir o China Policy Shift, que se define como um corte nos requisitos dos rácios de capital no sentido de impulsionar o crescimento da economia chinesa. Por outro lado, a economia chinesa tem estado exposta a riscos acrescidos de incumprimento, como é o caso da Evergrande, e o seu possível efeito de contágio que poderá condicionar todo o mercado imobiliário e da construção do país. Estima-se que o setor imobiliário, em toda a cadeia, vale cerca de 30% do GDP. Os desafios para as autoridades chinesas serão grandes, mas acreditamos que estas continuam a possuir os instrumentos necessários para os enfrentar.
A inflação surge como o principal risco para os investidores. A discussão sobre se é transitória ou um fenómeno mais duradouro irá continuar. Nós consideramos que é um fenómeno transitório, ainda que mais prolongado do que se antecipava. Os níveis atuais de inflação nos diferentes blocos, sem precedentes nas últimas três décadas, devem-se à quebra das cadeias de produção, custos da energia e efeito base provocado pela pandemia.
Relativamente aos conflitos geopolíticos atuais, relevamos a tensão existente entre a Rússia e a Ucrânia com efeitos diretos na Europa. Paralelamente, consideramos necessário acompanhar o conflito China/Taiwan, sobretudo porque poderá agravar a crise já existente nas cadeias de distribuição de semicondutores.
Por fim, chamamos a atenção para os processos eleitorais – Itália, França e Midterms nos EUA que poderão desencadear instabilidade política.
Face ao exposto, espera-se que 2022 seja um ano extremamente incerto, o que levará certamente a uma maior volatilidade nos mercados, exigindo assim maior flexibilidade por parte dos gestores. Espera-se que a subida moderada das taxas de juro influencie positivamente o mercado acionista. Em contrapartida, o mercado de taxa de juro será um desafio, enquanto que as oportunidades no crédito serão muito casuísticas, uma vez que os investidores se questionam em relação aos atuais spreads. Ainda neste mercado, destacamos as oportunidades existentes nas inflation linked bonds com baixa duração.
No mercado cambial apontamos para um fortalecimento do dólar norte-americano face ao euro, decorrente das diferenças nas taxas de juro. A subida do dólar poderá enfraquecer a recuperação das economias dos mercados emergentes, numa altura em que já se encontram debilitadas devido à fraca eficiência no processo de vacinação contra a COVID-19.
Autor: Paulo Pacheco, CFA
Expectativas e Riscos
O próximo ano avizinha-se de perigosamente consensual uma vez que os agentes económicos têm uma visão muito idêntica sobre o comportamento dos ativos financeiros e da atuação dos bancos centrais. Os earnings corporativos vão continuar a subir, embora a ritmos bastante mais moderados. A procura agregada permanecerá forte, sustentada pelos programas de estímulos nacionais, pressionando a inflação. As políticas monetárias vão continuar expansionistas. Contudo, será o primeiro ano de real travão à expansão dos balanços dos bancos centrais, tendo o BCE anunciado o fim do PEPP para março de 2022, tal como previsto. No entanto, o impacto não se prevê brusco, tendo em conta que o BCE também anunciou um reforço do APP e apresenta-se aberto a voltar ao PEPP caso assim se justifique. Quanto às políticas monetárias da Fed, é certo que iremos assistir a subidas das taxas de juro (três em 2022).
Continuaremos a assistir à recuperação económica, a um ritmo mais lento que o observado nos finais de 2021, mas que caminhará para a normalização da economia para os níveis pré-pandemia. Transitaremos de uma economia de bens e produtos para uma economia de serviços, onde os setores do turismo e aviação irão destacar-se pela positiva. Essa recuperação não será homogénea em todas as economias, atendendo ao peso relativo que determinados setores comportam para as mesmas. Adicionalmente, não podem ser ignorados os riscos de agravamento da situação pandémica com a chegada da nova variante Ómicron (e potenciais novas variantes até então desconhecidas), que já levou a um novo confinamento geral nos Países Baixos e número de casos diários recorde no Reino Unido. No âmbito da vacinação contra a COVID-19, os riscos que identificamos incidem sobre o atraso considerável no processo, sobretudo no hemisfério sul, assim como a possível relutância da população dos países com altas taxas de vacinação, relativamente à toma das próximas doses das vacinas, o que poderá condicionar o combate à doença.
O ano 2022 também será marcante no que se refere à economia e investimentos sustentáveis, pelo menos na Europa. A crescente regulação, as decisões da COP 26, assim como os programas de transição energética e de descarbonização serão drivers na canalização de capital e investimento para projetos e empresas sustentáveis. Em sentido contrário nesta matéria encontram-se os EUA, onde não têm sido fáceis as negociações para aprovação de planos de investimento sustentável a nível nacional, nomeadamente o pacote social de Joe Biden.
No que toca ao mercado asiático, designadamente a China, importa referir o China Policy Shift, que se define como um corte nos requisitos dos rácios de capital no sentido de impulsionar o crescimento da economia chinesa. Por outro lado, a economia chinesa tem estado exposta a riscos acrescidos de incumprimento, como é o caso da Evergrande, e o seu possível efeito de contágio que poderá condicionar todo o mercado imobiliário e da construção do país. Estima-se que o setor imobiliário, em toda a cadeia, vale cerca de 30% do GDP. Os desafios para as autoridades chinesas serão grandes, mas acreditamos que estas continuam a possuir os instrumentos necessários para os enfrentar.
A inflação surge como o principal risco para os investidores. A discussão sobre se é transitória ou um fenómeno mais duradouro irá continuar. Nós consideramos que é um fenómeno transitório, ainda que mais prolongado do que se antecipava. Os níveis atuais de inflação nos diferentes blocos, sem precedentes nas últimas três décadas, devem-se à quebra das cadeias de produção, custos da energia e efeito base provocado pela pandemia.
Relativamente aos conflitos geopolíticos atuais, relevamos a tensão existente entre a Rússia e a Ucrânia com efeitos diretos na Europa. Paralelamente, consideramos necessário acompanhar o conflito China/Taiwan, sobretudo porque poderá agravar a crise já existente nas cadeias de distribuição de semicondutores.
Por fim, chamamos a atenção para os processos eleitorais – Itália, França e Midterms nos EUA que poderão desencadear instabilidade política.
Conclusão
Face ao exposto, espera-se que 2022 seja um ano extremamente incerto, o que levará certamente a uma maior volatilidade nos mercados, exigindo assim maior flexibilidade por parte dos gestores. Espera-se que a subida moderada das taxas de juro influencie positivamente o mercado acionista. Em contrapartida, o mercado de taxa de juro será um desafio, enquanto que as oportunidades no crédito serão muito casuísticas, uma vez que os investidores se questionam em relação aos atuais spreads. Ainda neste mercado, destacamos as oportunidades existentes nas inflation linked bonds com baixa duração.
No mercado cambial apontamos para um fortalecimento do dólar norte-americano face ao euro, decorrente das diferenças nas taxas de juro. A subida do dólar poderá enfraquecer a recuperação das economias dos mercados emergentes, numa altura em que já se encontram debilitadas devido à fraca eficiência no processo de vacinação contra a COVID-19.
Autor: Paulo Pacheco, CFA
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